Data de Publicação: 06/05/2025
Por Dr. Mauro Gomes
A Global Initiative for Asthma (GINA) publicou hoje a atualização 2025 de sua Estratégia Global para Manejo e Prevenção da Asma. A nova edição mantém a linha evolutiva iniciada em 2019, mas introduz mudanças pontuais que afetam desde o diagnóstico em crianças pequenas até a conduta em exacerbações graves, com impacto direto na prática clínica. A seguir, um panorama das principais atualizações que devem chegar rapidamente aos protocolos clínicos
O QUE HÁ DE NOVO
1. Biomarcadores tipo 2 no centro da cena – Sangue periférico com eosinófilos e FeNO ganharam um apêndice exclusivo que detalha variabilidade circadiana – eosinófilos caem ao longo do dia, enquanto FeNO se eleva – e outros fatores de confusão, orientando a coleta e a interpretação antes da indicação de biológicos.
2. Avaliação de risco de exacerbações mais robusta – A meta-análise ORACLE2 confirmou que nenhum marcador isolado basta; clínica, história prévia e biomarcadores devem ser combinados na consulta de seguimento.
3. Impacto do clima extremo – Calor e frio intensos passam a ser reconhecidos como gatilhos relevantes, exigindo aconselhamento preventivo e vigilância de sistemas de saúde durante ondas meteorológicas.
4. Diagnóstico e tratamento em menores de 5 anos – A GINA admite formalmente que asma pode ser diagnosticada nessa faixa etária mediante três critérios clínicos e resposta terapêutica; o capítulo de tratamento foi reescrito e menciona ensaios em andamento com ICS-formoterol em dose baixa como controlador e alívio em um único dispositivo.
5. Fluxograma diagnóstico (adolescentes e adultos) simplificado – O termo “variabilidade do fluxo expiratório” substitui “variável limitação do fluxo”, deixando claro que a obstrução pode não estar presente no momento do teste; biomarcadores agora aparecem visualmente no fluxograma .
6. Ciclo Avaliar–Ajustar–Revisar redesenhado – A checagem de biomarcadores foi incluída ao lado de adesão e técnica inalatória como estágio obrigatório antes de escalar tratamento.
7. Trilhas terapêuticas revisadas –
8. Planos de ação individualizados – Recomendações agora são separadas por trilha terapêutica, refletindo diferenças na escalada de alívio entre ICS-formoterol e SABA .
9. Exacerbações graves: conduta mais enxuta – A dose inicial de SABA foi padronizada para evitar uso excessivo, e o magnésio nebulizado deixou de ser recomendado tanto em adultos quanto em crianças; permanece suporte para magnésio intravenoso em casos pediátricos selecionados .
10. Árvore de decisão para asma grave – O algoritmo foi reorganizado: confirmação de asma grave ocorre somente após avaliação especializada (estágio 5), e há alerta para repetir biomarcadores se o quadro clínico se alterar.
POR QUE ISSO IMPORTA
O destaque dado aos biomarcadores consolida a transição para uma medicina mais personalizada, reduzindo indicações empíricas de biológicos e evitando atrasos na alta especialidade quando eosinófilos ou FeNO baixos refletem apenas coleta em horário inadequado.
Na pediatria, reconhecer o diagnóstico antes dos 5 anos evita o rótulo genérico de “sibilância recorrente” e antecipa terapia anti-inflamatória, potencialmente mudando o curso da doença.
A revisão das trilhas terapêuticas reduz exposição a altas doses de corticosteroide e reforça que ICS-formoterol deve ser a primeira escolha sempre que possível, alinhando custo-efetividade, segurança e sustentabilidade ambiental.
Para a linha de frente, retirar o magnésio nebulizado simplifica protocolos de pronto-atendimento e foca em medidas com real benefício.
PRÓXIMOS PASSOS PARA O PNEUMOLOGISTA
Leia o documento completo em ginasthma.org O link para essa e todas as outras versões da GINA também estão na nossa Central de Downloads.